A queimação é a mesma, mas as causas variam de uma simples ressaca a doenças graves
Como toda doença crônica benigna, a queimação costuma ter seu diagnóstico adiado pelo próprio paciente. Raramente se procura ajuda profissional para se livrar dela. Entre os enganos comuns está o de atribuí-la ao stress. “A tensão emocional pode ocasionar sintomas digestivos, como dor, má digestão e náuseas, mas sozinha não pode ser responsabilizada pela inflamação da mucosa do estômago”, explica o gastroenterologista Laercio Gomes Lourenço, da Universidade Federal de São Paulo. Veja no quadro abaixo os sintomas, as causas e os tratamentos do problema.
Sofrer sem saber o motivo é a atitude mais comum entre os atingidos. “Vale a pena investigar o porquê da queimação quando ela é muito freqüente”, diz o médico Thomas Szego, do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. Vale a pena também porque muitas das causas benignas das queimações podem ser diagnosticadas e tratadas com sucesso com o uso de novos remédios. Quatro tipos de distúrbio são capazes de provocar sintomas que se distinguem ligeiramente. Mas tais diferenças são fundamentais para a abordagem médica. Na primeira categoria, estão os casos de dispepsia funcional, ou seja, aqueles decorrentes da dificuldade de digerir o alimento, que incluem a azia. Em geral, é coisa passageira, nada que um antiácido comum não resolva imediatamente e o controle do excesso de comida e bebida não previna no dia-a-dia. Numa segunda categoria, encontram-se os casos de gastrite, uma inflamação na mucosa do estômago, o tecido que reveste o órgão. A gastrite aguda tem um ciclo de vida determinado e pode ser desencadeada pela ingestão de substâncias como bebidas alcoólicas ou pelo uso de remédios, especialmente os antiinflamatórios. Já a gastrite crônica dura um tempo prolongado e pode ser causada pela presença da bactéria H. pylori no estômago. As úlceras do estômago e do duodeno podem ser ocasionadas pela mesma bactéria e provocar os mesmos incômodos que a gastrite.
A quarta categoria é a mais interessante para a medicina por ser a que provoca ardência mais forte e cujo tratamento, uma vez descoberta a causa, é relativamente simples e sem efeitos colaterais sérios. Nela está o chamado “refluxo gastroesofágico”. O palavrão é usado pelos médicos para descrever um defeito que ocorre numa espécie de válvula que liga o esôfago ao estômago. O defeito deixa que os ácidos estomacais subam até o esôfago e a laringe. Ali eles literalmente queimam. O estômago não sofre com os ácidos, pois tem proteção natural contra eles. Essa proteção não existe na laringe e no esôfago. “Na maioria dos pacientes com refluxo, as mudanças comportamentais e alimentares, aliadas ao tratamento com remédios para controlar a produção de ácido gástrico ou agir sobre a pressão da válvula entre o esôfago e o estômago, são suficientes”, explica o gastroenterologista e endoscopista Flávio Antonio Quilici, professor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, também consultor na pesquisa da AstraZeneca.
Os excessos na alimentação nem sempre explicam o incômodo
O refluxo pode estar associado a outras doenças, que em várias situações exigem cirurgia, como a hérnia de hiato e o esôfago de Barrett, condição séria que aumenta o risco de câncer na área. A abordagem mais recente é a proposta pela droga Nexium, fabricada pelo laboratório que elaborou a pesquisa citada nesta reportagem. Como alguns de seus concorrentes no mercado, o Peprazol (do laboratório Libbs), o Pantozol (Byk), o Prazol (Medley) e o Pariet (Janssen-Cilag), o novo remédio faz parte de uma família de medicamentos destinados a barrar a produção de ácido clorídrico no estômago.
Nesse cenário de sintomas que se cruzam, as queimações no estômago e no esôfago assemelham-se a outras doenças. As dores de cabeça, por exemplo, aparecem ligadas a males diferentes, como enxaqueca, sinusite e problemas de visão. As dores nas costas, além de denunciar erros de postura, podem ser sinal de algo mais sério, como um cálculo nos rins ou hérnia de disco. Se o local visado é a parte inferior da barriga, quem sabe haverá infecção urinária ou apendicite. São situações que, apesar de familiares a grande parte das pessoas, geram mal-entendidos por não terem só uma explicação para suas raízes.
Fonte: Fernanda Colavitti - Revista Veja
Dr. Tenho azia crônica, diariamente. A dois anos atras fiz uma videoendoscopia, onde o médico diagnosticou gastrite e refluxo gastroesofágico. Além da azia, eu também tinha frequentente muitas aftas, mas não aftas simples e pequenas, aftas de 10mm, muito amarelas e que duravam até 30 dias, ficava sem comer e sem poder conversar devido a muita dor, minha boca amanhecia inchada. Fiz um tratamento durante 10 meses com Peridal e lanzoprazol.
ResponderExcluirAs aftas melhoraram, agora me saem com menos frequência e menores, mas azia se eu não tomar todos os dias em jejum um omeoprazol, não aguento a queimação. Se esqueço um dia de tomar em jejum, posso esperar que a azia é certa. Agora estou grávida de 3 meses, e meu obstetra proibiu o omeoprazol, me receitou Mylanta ou Malox Plus, mas a azia é constante, já estou no segundo frasco, mas tenho que tomar no mínimo 3x ao dia. Dr. o que me aconselha? É muito desconfortável essa queimação constante e muito forte.
Rose
Rose sugiro que volte a procurar o seu cirurgião para uma avaliação endoscópica. Porém devido ao seu estado gestacional acho que não sera possível, porem vale a pena mesmo assim retornar ao seu medico. Devido ao aumento de volume de seu útero pela gravidez, você terá mais refluxo gastroesofágico.
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