Úlcera Péptica


O que é?
Úlcera péptica é uma lesão que atinge a mucosa do trato grastrointestinal, geralmente estômago, piloro, duodeno e divertículo de Meckel, e pode ser diferenciada das erosões pelo fato destas não atingirem a submucosa e, portanto, não deixarem cicatriz ao se curarem.

Como acontece?
O desenvolvimento da ulceração é devido uma combinação de fatores, que variam desde virulência bacteriana,susceptibilidade genética de cada pessoa, fatores ambientais e outros co-fatores(tabagismo por exemplo).
A causas mais comuns de úlcera péptica é a infecção por Helicobacter pylori e uso de AINEs (ainti-inflamatórios não-hormonais).
A infecção do antro do estômago pelo H. pylori induz uma hipersecreção de ácido e liberação de gastrina. Como conseqüência desta maior oferta de ácido, haverá o desenvolvimento (ou ampliação se preexistentes) de áreas de metaplasia, as quais, então, poderão ser colonizadas pelo H. pylori levando à úlcera. Fatores genéticos e ambientais, além daqueles relacionados à virulência do microrganismo, poderão afetar a fisiologia gástrica e o desfecho da doença.
Os AINEs promovem lesão gastroduodenal por dois mecanismos: 1)efeito tóxico direto; 2)diminuindo as defesa da mucosa através da inibição da cicloxigenase, enzima-chave na síntese das prostaglandinas E e A, que estimulam a produção de muco e secreção de bicarbonato e aumentando o fluxo sangüíneo mucoso.
Outras causas mais raras são Síndrome de Zollinger Ellison,hiperpatiroidismo, doenças granulomatosas (doença de Crohn, sarcoidose), neoplasias (carcinoma, linfoma, leiomioma, leiomiosarcoma), nfecções (tuberculose, sífilis, herpes simples, citomegalovírus) e tecido pancreático ectópico.

O que se sente?
O paciente se queixa de dor epigástrica (estômago), tipo queimação, com ritmicidade, ou seja, com horário certo para seu aparecimento, ocorrendo 2 a 3 horas após a alimentação ou à noite, e cedendo com o uso de alimentos ou alcalinos. Pode ocorrer dor noturna, acordando o paciente à noite, entre meia-noite e 3 horas da manhã. Tem ainda um caráter periódico da dor, durando vários dias ou semanas, desaparecendo a seguir por semanas ou meses, para reaparecer meses ou anos depois, com as mesmas características anteriores.
Já o paciente com úlcera secundária a AINEs produz menos sintomas que a úlcera causada por HP, podendo ter de 30% a 40% dos pacientes assintomáticos.

Como o médico faz o diagnóstico?
O médico primeiro faz a suspeita clínica através de uma anamnese e exame físico completo, e a confirmação diagnóstica é realizada através da Endoscopia Digestiva Alta (EDA). Paralelo ao diagnóstico da cratera ulcerosa, impõe-se a pesquisa da presença do H. pylori, que pode ser feita durante a EDA através da biópsias (pesquisa histológica ou teste da uréase).
Existem meios não invasivos para pesquisa de H. pylori como o teste respiratório com uréia marcada com carbono 13 ou 14, determinação de antígenos fecais e por testes sorológicos com a pesquisa de anticorpos anti-HP.
Os testes de secreção gástrica, dosagem de gastrina sérica e ecoendoscopia são utilizados apenas em situações especiais ou em ambiente de investigação clínica.

Como se trata?
Sendo a maioria das úlceras secundárias à infecção pelo H. pylori, a abordagem terapêutica consiste, fundamentalmente, na erradicação do microrganismo. A estratégia hoje utilizada consiste na utilização de um anti-secretor, usualmente um inibidor de bomba protônica ou citrato de ranitidina bismuto (RBC), associado a dois antibacterianos por um período de 7 a 10 dias, sendo que a tendência atual é tratar inicialmente durante apenas sete dias.
O controle de cura da infecção deve ser realizado no mínimo um mês após o final do tratamento (preferencialmente dois a três meses). Nos pacientes portadores de úlcera gástrica, persiste imprescindível a realização de endoscopia digestiva de controle da lesão ulcerosa e coleta de material para estudo histológico confirmando a benignidade da lesão e a situação do H. pylori.

Quais as complicações?
Se não tratadas, podem ocorrer complicações em até 30% dos pacientes. As principais complicações são:
  • Hemorragia digestiva alta (20% dos pacientes) manifestada por melena (fezes negras, brilhantes, moles e particularmente mal cheirosas), hematêmese (vômito com sangue vivo ou tipo borra de café)ou por perda de sangue oculto nas fezes;
  • Perfuração (6%);
  • Obstrução piloro-duodenal (4%).

Como se previne?
Dentre os fatores para a prevenção, o principal deles é a eliminação do H. pylori. Deve-se também fazer exames periódicos para prevenir o número se recidivas.O uso indiscriminado de antiinflamatórios é outro ponto importante na prevenção, além de cessar o hábito de tabagismo.

Autores: Flávia Guimarães Porto, Dra. Delvone Freire Gil Almeida


Atenção! As informações desse site visam apenas ajudar na compreensão dos temas, não deve ser usado como guia para diagnóstico e tratamento nem substituir uma visita ao médico.

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