Fissura Anal


Definição
Fissura anal é uma lesão linear e dolorida da mucosa do canal anal, que se estende até a borda do ânus. Quando é primária, ou seja, não resulta de outra doença, costuma ser única e ocorrer principalmente na região posterior do canal anal, apesar de poder surgir anterior ou lateralmente. É este tipo de lesão, a primária, que será abordada aqui. De acordo com o quadro, pode ser classificada como aguda ou crônica, o que é útil para o tratamento.
A fissura anal aguda é recente, superficial e de bordas bem definidas. Seu tratamento é mais fácil e consiste principalmente de orientações alimentares. A fissura anal crônica é mais antiga, profunda, de bordas largas e duras e demora mais para cicatrizar; muitas vezes é necessário o tratamento cirúrgico.


Como acontece?
A causa das fissuras anais permanece incerta. Provavelmente tem origem na passagem de fezes endurecidas e/ou muito calibrosas, que provocam uma lesão inicial no canal anal. Por sentir dor, o paciente pode ter medo de defecar, evitando as idas ao banheiro, o que torna as fezes cada vez mais secas, duras e calibrosas, formando um círculo vicioso. As fissuras começam agudas, e muitas vezes cicatrizam sozinhas. Quando não cicatrizam, podem passar para a forma crônica. Estudos afirmam que o esfíncter anal interno, camada muscular responsável pelo controle da defecação, nos portadores da fissura anal crônica, possui maior pressão. Isto causa dificuldades para relaxar, tornando a passagem das fezes mais difícil. Outras causas possíveis para o surgimento de fissuras são inflamações da mucosa anal e irrigação sanguínea deficiente, que torna os tecidos frágeis.
Fissuras múltiplas, em localizações diferentes da posterior, associadas a prurido (“coceira”) provavelmente são secundárias, ou seja, resultam de outras doenças, como, por exemplo, traumas não relacionados à evacuação, doenças inflamatórias intestinais e doenças infecciosas.

Sinais e sintomas
O paciente sente dor ao defecar ou pouco depois, que passa logo após, como costuma ocorrer nas fissuras agudas, ou persiste por horas, no caso das fissuras crônicas. A dor diminui gradativamente e chega a sumir, até o momento de uma nova evacuação, quando o ciclo recomeça. Pode ser observado sangramento vermelho-vivo no papel higiênico ou sobre as fezes. O paciente também pode relatar prurido.

Evolução
As fissuras agudas podem cicatrizar sem que haja tratamento. Quando não cicatrizam, continuam a incomodar durante cada evacuação. O paciente, com medo, retém as fezes, o que aumenta a constipação e consequentemente, a lesão do canal anal. As fissuras tornam-se cada vez mais profundas e doloridas, tornam-se crônicas e a sua cura, então, só é possível através do tratamento.

Diagnóstico
O diagnóstico é feito através do afastamento das nádegas e visualização do ânus. A inspeção do canal anal, com a introdução do anuscópio, e o toque retal são evitados, pois a inspeção do ânus muitas vezes é suficiente e estes exames causariam dor desnecessária. Quando o uso do anuscópio ou o toque são necessários, devem ser feitos delicadamente, com lubrificantes contendo anestésicos.

Tratamento
Em fissuras anais agudas o tratamento inicial é a modificação dos hábitos alimentares: aumento da ingestão de fibras e de água, para facilitar a formação de fezes mais amolecidas. Banhos de assento e pomadas anestésicas e antiinflamatórias também podem ser indicadas.
O tratamento da fissura anal crônica inclui, além das medidas citadas para a fissura aguda, tratamento com outros medicamentos ou cirurgia. O tratamento visa diminuir a pressão do esfíncter anal interno através do uso de medicamentos “relaxantes”, como doadores de óxido nítrico, ou através de cirurgia, a esficterotomia, que consiste no corte das fibras musculares do esfíncter. A esficterotomia permanece como o tratamento com maiores índices de cura para a fissura anal crônica.

Prevenção
Para prevenir as fissuras anais deve-se ter uma dieta rica em fibras e água além de não “prender” as fezes. Estas medidas evitam que o bolo fecal resseque e provoque lesões durante a evacuação.

Dúvidas frequentes
As fissuras primárias só ocorrem na região posterior?
-Não. Embora esta seja a localização mais comum, pode ocorrer em outras regiões, como na região anterior ou laterais.

Que doenças podem causar fissuras secundárias? Quando suspeitar delas?
-Doenças inflamatórias intestinais (doença de Crohn, retocolite ulcerativa), doenças infecciosas (sífilis, tuberculose, oxiúros) e introdução de corpos estranhos são algumas das situações que podem levar a formação de fissuras secundárias. Nestes casos, as fissuras encontram-se em outras regiões que não a posterior, são múltiplas, podem apresentar prurido (“coceira” ) e outros sintomas associados.

O que é o anuscópio?
-O anuscópio é um aparelho que, ao ser introduzido no canal anal, permite a visualização interna do mesmo. Seu uso deve ser acompanhado de lubrificantes anestésicos.

A cirurgia pode deixar seqüelas?
-Pode, embora as novas técnicas tenham reduzido bastante o número de complicações. Como qualquer cirurgia, a esficterotomia traz o risco de infecções. Outra complicação é a incontinência, ou seja, emissão involuntária de gases, fezes líquidas ou fezes sólidas; o risco, contudo, é pequeno.

Autores: Gisele de Sá Mascarenhas, Dr. Mateus Fiusa


Atenção! As informações desse site visam apenas ajudar na compreensão dos temas, não deve ser usado como guia para diagnóstico e tratamento nem substituir uma visita ao médico.




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