Automedicação é a causa mais comum de úlcera no país

Ao contrário do que muitos podem pensar, úlcera e má alimentação não estão diretamente ligadas. A afirmação é do chefe do setor de Gastroenterologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), Alexandre Abrão Neto. Segundo o médico, existem três tipos da doença: péptica, medicamentosa e de estresse. Cada uma é provocada por um fator diferente ou um conjunto deles.
A mais comum é a úlcera péptica, chamada clássica, uma ferida que aflora no estômago ou duodeno, em pessoas que tenham acidez excessiva, mucosa sensível, histórico genético, ou desenvolvem infecção causada pela bactéria Helicobacter pylori.
“É mais fácil encontrar a doença em indivíduos que têm a vida desregrada, que fazem uso de drogas e álcool todos os dias ou trocam refeições balanceadas por sanduíches ou os populares “podrões”. Mas não existe relação entre má alimentação e acidez do estômago. Quem tem o pH ácido está mais propenso ao aparecimento de aftas que propriamente de úlcera”, afirma.
O médico explica que alimentos e bebidas ácidas não causam nem aumentam a ferida; eles provocam a distensão do tecido e, consequentemente, incômodo, se a doença já existir. O principal sintoma é a “dor de fome, na boca do estômago”.
Como não existe prevenção, somente tratamento, a recomendação é manter hábitos saudáveis, como alimentação controlada e prática regular de exercícios. Também é fundamental procurar um gastroenterologista ou um clínico geral em caso de dor e nunca recorrer à automedicação.
Esta é, inclusive, a principal causa da úlcera medicamentosa, que pode causar complicações.
“Há vários remédios no mercado, como anti-inflamatórios, como Diclofenaco, Voltaren, Aspirina, que podem ser comprados livremente nas farmácias e são capazes de provocar a ruptura da chaga”, alerta.
Já as úlceras de estresse aparecem em pessoas muito doentes, que estão internadas em hospitais há meses, vivendo em ambientes fechados, fazendo uso de tubos traqueal ou nasal. Nesse caso, a própria debilitação do corpo, e não o estresse causado pela tensão ou pelo medo da violência, por exemplo, é que propicia a doença.
Em todos os casos, o diagnóstico é feito através de exame de endoscopia digestiva. O tratamento é baseado em medicamentos, os chamados bloqueadores de bomba, que diminuem a secreção de ácido gástrico. De acordo com Alexandre, iniciado o tratamento, a úlcera cicatriza em, no máximo, quatro semanas. O procedimento cirúrgico só é realizado quando há complicações, como perfuração da cavidade, o que ocorre raramente.

Fonte: www.osaogoncalo.com.br 

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