DISPEPSIA

Chamamos de dispepsia os sintomas relacionados ao abdome superior, comumente chamados de "indigestão". Esses sintomas são vários, incluindo dor, eructação (arrotos), empachamento, peso, pirose (queimação), náusea ou saciedade precoce.
Freqüentemente, as pessoas confundem os sintomas acima com gastrite. Gastrite é uma inflamação no estômago, que pode ou não causar esses sintomas. Do mesmo modo, nem sempre a dispepsia está associada a gastrite.
Estima-se que 25% de todos os adultos tenham sintomas dispépticos ao menos alguns dias por ano e a maioria desses terão esses sintomas ocasionalmente por toda a vida. Cerca de 7% das consultas médicas são feitas por dispepsia e mais da metade das consultas com gastroenterologista.
Cerca de 50% das endoscopias realizadas por dispepsia não encontra qualquer anormalidade e são classificados como portadores de dispepsia funcional. Mesmo com a endoscopia normal, isso não significa que não exista uma alteração. As dispepsias funcionais abrangem um grupo complexo da anormalidades na contração gástrica, refluxo sem erosões, alterações na sensibilidade, lesões por medicamentos (anti-inflamatórios, antibióticos), dieta (álcool, café), diabetes e outras. Úlceras pépticas são encontradas em cerca de 20% e esofagite de refluxo em 15-20% das endoscopias.

Causas de dispepsia
Gastrintestinais intolerância a alimentos ( tomate, pimenta, álcool, gorduras, café )
úlcera péptica
refluxo gastroesofágico
câncer do estômago
gastroparesia ( distúrbio da contração do estômago )
doenças infiltrativas do estômago ( amiloidose, Ménétrier )
síndromes de má-absorção, intolerância a lactose
parasitoses ( Giardia lamblia )
AIDS
isquemia intestinal crônica
desordens funcionais ( dispepsia não ulcerosa, aerofagia, síndrome do cólon irritável )
Medicações anti-inflamatórios não esteroidais, teofilina, digitálicos, potássio, ferro, niacina, quinidina, antibióticos, álcool
Trato biliar colelitíase com cólicas biliares, colecistite aguda, disfunção do esfíncter de Oddi, câncer hepatobiliar
Pâncreas pancreatite crônica, câncer do pâncreas
Sistêmicas diabetes, tireoidopatia, hiperparatireoidismo, insuficiência renal crônica e coronariana, gravidez, colagenoses vasculares, câncer intra-abdominal
Outras causas porfiria aguda intermitente, radiculopatia diabética, compressões nervosas, hérnia interna ou intussuscepção, obstrução intermitente do delgado

Outra confusão freqüente ocorre entre dispepsia e ansiedade. Um diagnóstico completamente errôneo e que costuma ser dado é o de "gastrite nervosa". Ansiedade, stress e depressão aumentam ou fazem surgir sintomas causados por doenças pépticas (úlceras, gastrite, refluxo gastroesofágico) ou participar do processo de dispepsia funcional. A ansiedade leva a alterações da contração gástrica, aumento na secreção de ácido e na sensibilidade do estômago à dor. Portanto, o "nervosismo" faz surgir ou piorar os sintomas decorrentes de uma gastrite, mas não provocá-la. Do mesmo modo, os mesmos sintomas podem existir sem a gastrite.
Pelos sintomas, é quase impossível distinguir entre as causas de dispepsia funcional. O mais importante é observar os "sinais de alarme", que não significam necessariamente uma doença grave, mas é nessas pessoas que o risco é maior de se encontrar uma doença que necessite diagnóstico e tratamento urgentes, como câncer ou úlceras com complicações.

Sinais de Alarme em portadores de dispepsia
Perda de peso
Vômito persistente
Disfagia ( sensação de que comida está parada no esôfago )
Anemia
Sangramento
Maiores de 45 anos

 A endoscopia digestiva alta continua sendo o método de escolha para investigação das dispepsias, uma vez que é altamente preciso no diagnóstico da maioria das causas, é bem tolerado, seguro e, no Brasil, de baixo custo. Exames radiológicos contrastados, apesar de mais baratos, são pouco precisos. A ecografia pode ser utilizada para a investigação de doenças pancreato-biliares, assim como a tomografia computadorizada.
A decisão de se investigar ou não a dispepsia depende de diversos fatores, como a facilidade e o interesse do paciente de ser submetido a exames. De um modo geral, é possível fazer um tratamento empírico (sem o diagnóstico) na maioria dos casos, desde que essa pessoa não tenha os sinais de alarme acima, que tornam a investigação obrigatória.

Atenção! As informações desse site visam apenas ajudar na compreensão dos temas, não deve ser usado como guia para diagnóstico e tratamento nem substituir uma visita ao médico.

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